quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Os "narizes-pintados"



Os "narizes-pintados"

DESABAFO DE UMA ALUNA EXTRAÍDO DO FACEBOOK

por Roberta Belfort, quarta, 21 de Dezembro de 2011 às 22:22

Sim. Saímos da era dos "caras-pintadas" e, infelizmente, em vez de progresso tivemos retrocesso.

A forma de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio, mais uma vez nos mostrou que "narizes-pintados" deveria ser a melhor nomenclatura para os estudantes brasileiros, tendo em vista o papel de palhaço estampado nas notas atribuídas.

O exame e seu critério de avaliação, que visam garantir a isonomia do processo, acabam não alcançando tal proposta, tendo em vista a falta de transparência em conjunto com o não esclarecimento do TRI (Teoria de Resposta ao Item). Este, estipula um nivelamento nas questões em detrimento do seu "grau de dificuldade", em que não é exposto com clareza o peso de cada uma, causando estranhamento, dúvidas e descrença ao candidato.

O MEC e sua proposta de universalização e democratização do acesso ao nível superior, não só mostra a falta de competência na produção e aplicação das provas, como também no critério avaliativo das questões e da redação. Em todos os anos de ocorrência do exame houve falhas. Vazamentos de gabaritos, de provas, constantes ameaças de anulação, questões pré-testes repetidas, provas reaplicadas a uma classe restrita etc.

Como confiar em algo tão instável?
Como entender que a educação brasileira se resume ao desrespeito para com os estudantes?
Cruzar os braços e aceitar tudo isso?
Vale mesmo a pena levar esse exame tão a sério?

Você estuda o ano todo, pois entende que tal prova é essencial a sua entrada numa instituição de qualidade, e se depara com uma correção que não faz jus ao constatado anteriormente pelo gabarito apresentado.
Seria a Teoria de Resposta ao Item atribuindo valores impossíveis?

Na matemática de muitos, é essa a explicação a ser dada. Houve casos de redações zeradas. Sabemos dos critérios existentes para que isso ocorra, mas por que não podemos pedir o esclarecimento ou revisão de correção? Por que não podemos sequer verificar nossas falhas?
Qual o meio de comunicação disponibilizado? Quem procurar? Um juíz? Um professor? Um filósofo? Um pai de santo? Ou o dono do circo?

Francamente, uma prova que representa tanto para a juventude brasileira é tratada com total descaso e despreparo por políticos, a ponto de nós, enquanto sociedade civil, não acreditarmos mais neste processo seletivo. O que pedimos é justiça, o que reinvidicarmos é nosso direito, o que queremos é seriedade, queremos espaço, queremos ser levados a sério enquanto pessoas que estudam com um propósito de vida.

"Mudar" é o verbo que falta na gramática brasileira, "agir" é a melhor terceira conjugação existente para que revertamos o quadro.

Queremos um ENEM que tire o vermelho do nariz de palhaço e o coloque nas mãos de um aplauso forte. Não é pedir demais.

Roberta Belfort.
Estudante