A 4ª edição da Feira do Livro de São Luís, que aconteceu de 12 a 21 de novembro, na Praça Maria Aragão, encerrou suas atividades com o mesmo sucesso de público do ano passado.
Com o tema “O livro é guia e instrumento da sabedoria”, a edição deste ano, que teve como patrono o escritor, cineasta e jornalista José Louzeiro, trouxe diversificados espaços onde foram desenvolvidas inúmeras palestras, debates literários, lançamentos de livros e apresentações culturais.
Um dos fatos que mais marcaram o evento foi a presença de um acentuado público infantil, de 0 a 6 anos, que, acompanhadas de seus pais, puderam participar e mergulhar no fabuloso mundo da imaginação, num espaço destinado exclusivamente para as crianças nessa faixa etária. Para Cristina dos Santos, 26, mãe de Maria Clara, de apenas dois anos, a Feira serviu de incentivo ao gosto pela leitura e pelas artes, tanto para ela quanto para sua filha, que observava atentamente as apresentações dos grupos de teatro infantil.
Outro ponto a favor da Feira deste ano foi o contato maior dos escritores com o público, que teve a oportunidade de discutir textos e idéias, além de tirar fotos e receber autógrafos, tudo facilitado pelo formato das palestras e dos debates, que estimulava a participação da platéia ao mesmo tempo em que favorecia maior interação entre leitores anônimos e autores renomados como Ceres Costa Fernandes, Sônia Almeida, além do próprio José Louzeiro.
No entanto, um aspecto negativo a ser ressaltado é a questão da desorganização do evento que, quase às vésperas da data prevista para seu início, ainda não se tinha certeza se iria acontecer ou não. Segundo a estudante Cecília dos Anjos, 25, que trabalhou na organização do evento, foram os patrocinadores que fizeram a Feira. “Se não fossem eles, a Feira não teria acontecido”.
Cecília informa ainda que o próprio homenageado não foi bem divulgado. “Este ano, quase não tem panfletos sobre o José Louzeiro. Se você olhar bem, só existe aquele da entrada e alguns outros menores, espalhados por aí, sem que ninguém veja direito. Muita gente já parou para me perguntar: Quem é esse Zé Louzeiro?”.
Já para o administrador Sóstenes Salgado, 43, outro ponto preocupante da Feira foi a falta de acesso da população mais pobre aos livros, cada vez mais caros. “A Feira se tornou um negócio. Não é algo popular. As classes menos aquinhoadas não têm acesso ao conteúdo dos livros. Só podem visualizá-los”, afirma o administrador. Para ele, uma possível solução seria a distribuição de livros. “Se isso fosse feito, a Feira atingiria seu maior objetivo: o de formar leitores”.
Assim, a edição de 2010 da Feira do Livro de São Luís deixa um saldo paradoxal no seio da população maranhense. Apesar do estímulo e da preocupação com as futuras gerações de leitores, exemplificadas na destinação de espaços excluvisos para o público infantil, o evento ainda deixa lacunas significativas para o cenário cultural regional, à medida que não favorece a materialização do desejo de inúmeros maranhenses pobres em aquisição de livros para serem lidos, e não simplesmente apreciados, vislumbrados nos estandes.
Nesse caráter meramente contemplativo, a “Feira do Livro” se transforma na “Feira das Editoras”, que elevam seus preços na expectativa de venderem mais – mas não a um mercado popular, e sim, às faixas mais “nobres” da sociedade maranhense e aos turistas, em visita à cidade – o que evidencia maior preocupação com os lucros do que com a disseminação do hábito da leitura, transmutando o significado do “livro como instrumento de sabedoria” em “livro como precioso artigo de luxo”.
Artigo do Jornalista Hugo Freitas
Bom dia Sóstenes
ResponderExcluirO sabor dos bombons dos Países pobres, subdesemvolvidos ou em desemvolvimento, está exatamente na "não" possibilidade do individuo ter acesso ao conhecimento básico. Ler, é uma arte, um hábito.Fazer ler, é uma virtude de cada um de nós.O Brasil, conduz esse sabor amargo de não possibilitar as pessoas mernos favorecidas economicamente de encantar-se com o mundo das palavras, das letras dos poemas e das poesias.Recentemente adentrei em uma livraria, para adquirir um dicionário " Houaiss". A vendedora sorridentemente me informou que custava a bagatela de R$ 399 ( isso mesmo trezentos e noventa e nove reais. Não comprei ali, abri a internet e por um site adquirir o mesmo por R$ 185 reais. Alguma coisa está errada. Dicion´rios, livros didáticos, deveriam ter um incentivo do governo para termos acessos facilitados.Essa mafia de Editoras e mais a desorganização de uma meia duzia, desta bterra Tapuia, é que patrocina esses descalabros berrantes, e certamente existirá sempre alguérm interessado na nossa desinformação.
Tenha um dia bom. Parabens pelo blog. E Abraços de verdade.