domingo, 5 de dezembro de 2010

CONTRASTES SOBRE A FEIRA DO LIVRO EM SÃO LUÍS

Alguém precisava dizer algo sobre o Marketing das editoras na Feira do Livro de São Luís.


  
A 4ª edição da Feira do Livro de São Luís, que aconteceu de 12 a 21 de novembro, na Praça Maria Aragão, encerrou suas atividades com o mesmo sucesso de público do ano passado.

Com o tema “O livro é guia e instrumento da sabedoria”, a edição deste ano, que teve como patrono o escritor, cineasta e jornalista José Louzeiro, trouxe diversificados espaços onde foram desenvolvidas inúmeras palestras, debates literários, lançamentos de livros e apresentações culturais.

Um dos fatos que mais marcaram o evento foi a presença de um acentuado público infantil, de 0 a 6 anos, que, acompanhadas de seus pais, puderam participar e mergulhar no fabuloso mundo da imaginação, num espaço destinado exclusivamente para as crianças nessa faixa etária. Para Cristina dos Santos, 26, mãe de Maria Clara, de apenas dois anos, a Feira serviu de incentivo ao gosto pela leitura e pelas artes, tanto para ela quanto para sua filha, que observava atentamente as apresentações dos grupos de teatro infantil.

Outro ponto a favor da Feira deste ano foi o contato maior dos escritores com o público, que teve a oportunidade de discutir textos e idéias, além de tirar fotos e receber autógrafos, tudo facilitado pelo formato das palestras e dos debates, que estimulava a participação da platéia ao mesmo tempo em que favorecia maior interação entre leitores anônimos e autores renomados como Ceres Costa Fernandes, Sônia Almeida, além do próprio José Louzeiro.

No entanto, um aspecto negativo a ser ressaltado é a questão da desorganização do evento que, quase às vésperas da data prevista para seu início, ainda não se tinha certeza se iria acontecer ou não. Segundo a estudante Cecília dos Anjos, 25, que trabalhou na organização do evento, foram os patrocinadores que fizeram a Feira. “Se não fossem eles, a Feira não teria acontecido”.

Cecília informa ainda que o próprio homenageado não foi bem divulgado. “Este ano, quase não tem panfletos sobre o José Louzeiro. Se você olhar bem, só existe aquele da entrada e alguns outros menores, espalhados por aí, sem que ninguém veja direito. Muita gente já parou para me perguntar: Quem é esse Zé Louzeiro?”.

Já para o administrador Sóstenes Salgado, 43, outro ponto preocupante da Feira foi a falta de acesso da população mais pobre aos livros, cada vez mais caros. “A Feira se tornou um negócio. Não é algo popular. As classes menos aquinhoadas não têm acesso ao conteúdo dos livros. Só podem visualizá-los”, afirma o administrador. Para ele, uma possível solução seria a distribuição de livros. “Se isso fosse feito, a Feira atingiria seu maior objetivo: o de formar leitores”.

Assim, a edição de 2010 da Feira do Livro de São Luís deixa um saldo paradoxal no seio da população maranhense. Apesar do estímulo e da preocupação com as futuras gerações de leitores, exemplificadas na destinação de espaços excluvisos para o público infantil, o evento ainda deixa lacunas significativas para o cenário cultural regional, à medida que não favorece a materialização do desejo de inúmeros maranhenses pobres em aquisição de livros para serem lidos, e não simplesmente apreciados, vislumbrados nos estandes.

Nesse caráter meramente contemplativo, a “Feira do Livro” se transforma na “Feira das Editoras”, que elevam seus preços na expectativa de venderem mais – mas não a um mercado popular, e sim, às faixas mais “nobres” da sociedade maranhense e aos turistas, em visita à cidade – o que evidencia maior preocupação com os lucros do que com a disseminação do hábito da leitura, transmutando o significado do “livro como instrumento de sabedoria” em “livro como precioso artigo de luxo”.

Artigo do Jornalista Hugo Freitas

Um comentário:

  1. Bom dia Sóstenes
    O sabor dos bombons dos Países pobres, subdesemvolvidos ou em desemvolvimento, está exatamente na "não" possibilidade do individuo ter acesso ao conhecimento básico. Ler, é uma arte, um hábito.Fazer ler, é uma virtude de cada um de nós.O Brasil, conduz esse sabor amargo de não possibilitar as pessoas mernos favorecidas economicamente de encantar-se com o mundo das palavras, das letras dos poemas e das poesias.Recentemente adentrei em uma livraria, para adquirir um dicionário " Houaiss". A vendedora sorridentemente me informou que custava a bagatela de R$ 399 ( isso mesmo trezentos e noventa e nove reais. Não comprei ali, abri a internet e por um site adquirir o mesmo por R$ 185 reais. Alguma coisa está errada. Dicion´rios, livros didáticos, deveriam ter um incentivo do governo para termos acessos facilitados.Essa mafia de Editoras e mais a desorganização de uma meia duzia, desta bterra Tapuia, é que patrocina esses descalabros berrantes, e certamente existirá sempre alguérm interessado na nossa desinformação.
    Tenha um dia bom. Parabens pelo blog. E Abraços de verdade.

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